sexta-feira, 31 de maio de 2013

Ana Carolina responde à matéria do Blogay.

Leia a Carta:




Vamos ser fracos?

Estou nessa lida profissionalmente há 14 anos e  a parte desse trabalho que menos gosto é de dar entrevistas que não foquem na minha música. Algum motivo deve existir e aproveito essa oportunidade para refletirmos sobre o que foi publicado na página BLOGAY, pelo jornalista, produtor e cineasta Vitor Angelo. Lamento o fato de não ter sido procurada por ele antes da publicação do texto onde erroneamente interpreta minhas palavras  e agora ter que me explicar por algo usado fora de contexto. Vamos lá.
Pra começar, gostaria de esclarecer que o texto baseia-se em declarações minhas dadas ao UOL, uma entrevista  marcada para falar de #AC, meu novo trabalho. Mas como 80%  dos entrevistadores  que conversam comigo, o jornalista do UOL quis saber minha opinião sobre assuntos ligados à sexualidade. No caso específico dessa entrevista, questões ligadas à Daniela Mercury e Marco Feliciano.
Nunca me furtei a responder nenhuma das perguntas que já me foram feitas em todos esses anos de exposição pública. Já me manifestei abertamente sobre minha sexualidade em 2005, na revista Veja. Foi uma entrevista extensa, verdadeira e respondida sem nenhum pudor ou reserva. Acreditei que com essa exposição, não haveria mais lugar para especulações e interesse sobre essa questão, mas até hoje, esse assunto rende nas entrevistas.
Não vejo problemas com o assunto, mas prefiro falar de música, que é o meu foco, a minha paixão.
Ao Blogay e seus leitores, preciso dizer que não há a menor centelha de realidade – e verdade – em qualquer afirmação que diga que eu não sou a favor dos gays, seus direitos e as causas que defendem !! Jamais falei qualquer coisa que pudesse ser interpretada deste modo, portanto essa pretensa imagem de “vira-casaca” de algum movimento, desculpem, mas não me cabe.
Quem me conhece e sobretudo conhece o meu trabalho sabe exatamente o que eu penso sobre isso.
Se levantar a bandeira a favor dos gays significa fazer algo a favor da causa, ora, eu faço isso há muitos anos. Sou parte dessa luta e desse movimento. É só ouvir o que eu canto, é só assistir aos meus shows
Já levantei, sacudi e me envolvi na bandeira gay em meus shows e falo sobre o assunto em muitas de minhas canções.
Inclusive, a última música que fiz me referindo a esse assunto chama-se UN SUEÑO BAJO EL AGUA com a frase:  “VOCÊ QUE SE CHOCA AO VER QUE NO RIO O BEIJO GAY JÁ NÃO CHOCA MAIS” .
Talvez o beijo gay ainda choque uma parcela de preconceituosos, mas o que eu quero é que o beijo gay não choque mais. Seja normal. MEU SONHO  UTÓPICO é DE NÃO precisarmos reivindicar mais nada, nem nos fazermos diferentes ! Somos todos seres humanos!
Eu não me sinto diferente, nem sou tratada assim e vivo em um meio onde as pessoas não são consideradas por suas escolhas sexuais. Gostaria, do fundo do meu coração, que em todo mundo fosse assim! Por isso não levanto a mão pra dizer “sou bi, sou gay”, com proselitismo ”, não preciso dizer nada, porque sou uma pessoa normal ! Ser gay ou bi tem que ser igual, normal, natural !! E é assim que eu levanto a minha bandeira: vivendo minha vida privada com normalidade e sem alarde, independentemente da minha condição sexual.
Portanto não adianta querer tentar colar em mim um rótulo contrário ao que é o meu exercício diário de realidade. É de domínio público, há anos, a minha posição completamente a favor de qualquer movimento que lute pela igualdade na comunidade GLS.
Esta semana respondi a inúmeras perguntas sobre o casamento de Daniela Mercury e sobre o  Pastor Marco Feliciano e o tititi em volta da questão homossexual. Sobre ele, disse a todos o que penso realmente “ Ele não merece que eu perca tempo falando sobre ele”.
Daniela é uma artista ímpar, trabalhadora, dona de uma carreira sólida, consolidada em anos de muito trabalho, muito preparo e dedicação, uma pioneira em sua terra e em seu país, uma potência de força e energia que contagia o mundo,  conhecida e respeitada por todos. Quando Daniela se declarou sobre sua união – ato libertador, corajoso e absolutamente verdadeiro, bati palmas.
Para ela e para todos os seres que conseguem a proeza de serem quem são diante da sociedade, sem hipocrisia, tiro meu chapéu.
Preconceito não há em meu dicionário.
E para fechar, digo o que repeti a vários jornalistas nas entrevistas, para não haver mais dúvidas: não acho que sacudir bandeirinha coloridinha tenha mais importância do que dissipar da sociedade o preconceito real dando voz aos amores gays nas minhas músicas, sendo verdadeira nas minhas atitudes. Cada um que aja como pode, sem patrulha, sem agressão. O que eu disse é que quando um pai entrar em uma cerimônia de casamento ao lado do filho ou filha e entregar “sua mão” a alguém do mesmo sexo e isso for visto como natural por todos dentro e fora daquele lugar, aí é que teremos chegado ao que verdadeiramente deveria ocorrer.
Aliás estou à disposição se o Vitor for homem de boas intenções para uma conversa sobre o assunto. Mas por favor não tentem deturpar minhas palavras. Viva a todos aqueles que sofrem ou sofreram de preconceito e lutam pelos mesmos direitos.
Quanto aos Tribalistas, que ótima a canção! Adorei ! Somos todos da mesma tribo, gente do bem. Um somos todos e todos somos um.
#AC
P.S . Fiz uma canção chamada “HOMENS E MULHERES” gravei sozinha no disco Dois quartos e posteriormente gravei com a Angela RoRo

(Homens e Mulheres)

E eu gosto de homens e de mulheres
e você, o que prefere?
E você o que prefere?
Homens que dançam tango

Mulheres que acordam cedo
Homens que guardam as datas
Mulheres que não sentem medo
Homens de toda a idade
Mulheres até as genéricas
Homens que são de verdade
Mulheres de toda a América
Homens no sinal verde
Mulheres de batom vermelho
Homens que caem na rede
Mulheres que são meu espelho
E eu gosto de homens e de mulheres
e você o que prefere?
Mulheres na guitarra
Homens de corpo e mente sã
Homens vestindo sobretudo
Mulheres melhor sem sutiã
Homens que enrolam serpentes
Mulheres que vão na frente
Homens de amar tão de repente
Mulheres de amar pra sempre
E eu gosto de homens e de mulheres e você o que
prefere?
E você o que prefere?

Fonte: Midiorama

"É um disco essencialmente pop" Diz Ana Carolina sobre "#AC"

Da enxurrada de novas cantoras que surgem a todo momento, poucas trafegam pela alta cultura e o popular como Ana Carolina. A maioria canta bem, tem bom gosto, mas nunca irá agradar a gregos e baianos, vender milhões e ter milhões de seguidores no Facebook. 
Em seu novo álbum #AC, que chega às lojas na segunda quinzena de junho e já pode ser ouvido no iTunes (aqui), a cantora e compositora abriu mão da bateria e a trocou pelas programações eletrônicas e percussão.
Produzido por Alê Siqueira, o sexto álbum de inéditas dela tem canções pop perfeitas, como Combustível e Luz Acesa, já nas trilhas das novelas da Globo Amor à Vida e Flor do Caribe. Mas há ainda uma participação de Chico Buarque em Resposta da Rita, uma "continuação" do clássico dos anos 60, o incrível Guinga, em Leveza de Valsa e instrumentistas como Marcos Suzano e Carlos Malta.
Leia trechos da entrevista concedida ao Virgula Música, por telefone, na quarta-feira (29), em que ela recusou a ideia de que o pop norte-americano e inglês estejam à frente do brasileiro, falou sobre as escolhas musicais do disco, em que abriu mão da bateria, e a impossibilidade de uma "fórmula mágica" para ser popular, entre outros assuntos.   

Você está lançando o #AC, como que é para você, quando termina um disco já começa a pensar em outro. É um processo que tem ligação com o anterior ou você parte do zero?
Já me dá vontade de fazer outras músicas diferentes. Dá vontade de compor, na verdade, quando termina um disco.
E como que você amarra as histórias, para dizer essa vai entrar, essa não vai?
Ah, não tenho muito essa coisa. As músicas que ficam melhor eu coloco no CD, as que não ficam tão boas... Eu fui sentindo que nesse disco eu não queria botar muita balada, então fui eliminando todas as baladas e deixando só as de groove. E aí tem duas baladas no final que é bônus track.
E você também a preocupação de fazer uma coisa que vai em várias direções, tem hip hop, eletrônico, samba, você que acha que é natural ou uma coisa pensando para atingir o maior número de pessoas?
Não, essa coisa pensada para atingir o maior número de pessoas eu acho que não. A verdade é que eu tirei a bateria do disco junto com o Alê Siqueira, produtor, que é um gênio.
Tirar a bateria do disco para mim foi importante, uma vez que eu sempre fiz os trabalhos com bateria. Então, eu fiz programações, percussões, o que deu uma unidade ao disco porque até os sambas são todos feitos com programações e percussões. E fica tudo harmonioso neste sentido.
E aí rolou uma harmonia bastante por conta disso. O Edu Krieger foi meu parceiro mais constante neste disco, temos cinco músicas juntos. Tem uma música com Guinga, que eu fiz há um bom tempo. A gente gravou, eu fiz um videoclipe, em que dirigi e editei, o Leveza de Valsa. Tem Un Sueño Bajo el Agua.
O disco tem referências contemporâneas, modernas, não só o iPhone, que é uma crônica desse aparelhinho eletrônico que muita gente tem. Além da coisa do iPhone, em Un Sueño eu faço uma referência à coisa da internet, "Apple, ego, Google". Por isso tudo #AC. É uma coisa de quem está muito tempo conectado. E é um disco essencialmente pop. A ideia de botar um hashtag é dizer que é um disco para todo mundo. 
O que uma música precisa para ser popular?
Não sei. Se eu tivesse uma fórmula patenteava, sabe? Mas não tem, né?
Mas a música que você gosta e é popular?
Não sei, não sei por que uma música se torna popular. Não existe uma fórmula.
O Chico Buarque participou do seu disco. E é uma coisa muito difícil conseguir...
Ele é um cara difícil...
Como foi esse processo, como que você conseguiu convencê-lo?
Eu acho que ele gostou da ideia da Resposta da Rita, aí ele aceitou participar.
Você está indo para os Estados Unidos fazer uma turnê. Você já tem uma carreira internacional bem consolidada ou está crescendo?
Acho que normal, assim. Faço uns teatros lá, vou fazer dois dias em Nova York. Fazer Los Angeles, São Francisco, Miami, Boston. Acho que é uma coisa que você vai colocando uma pedrinha a cada dia e a cada dia aparece um público maior. É um negócio bom de fazer.
E você acha que o nosso pop já está chegando próximo do deles ou ainda está longe?
Por que que você acha que o nosso pop teria que chegar perto do deles. E o que é deles?
Eu digo em vendagem, volume, fãs, grana, show business mesmo. Você acha que não deve nada ao pop americano, inglês?
Não, acho que ninguém deve nada a ninguém não.

Fonte: Site Virgula - UOL